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Relacionamento não é soma, é multiplicação

Relacionamento não é soma, é multiplicação

Relacionamento não é soma, é multiplicação

27 agosto 2021

* Luiz Paulo Tostes Coimbra

Já estamos há um ano e meio vivendo neste difícil cenário em meio à pandemia da Covid-19. Além dos desafios pessoais que impactam nossas rotinas, também enfrentamos uma fase de aprendizados transformadores no ambiente profissional. No universo corporativo, é comum os relatos sobre como esse período trouxe aprimoramento da gestão, novas práticas empresariais e a criação de modelos inéditos de trabalho. Como parte desse ambiente, aprecio a reflexão de tantos colegas sobre o dia a dia e as interações humanas, e, há tempos, venho também refletindo sobre as mudanças profundas que podemos fazer na vida das pessoas ocupando posição de liderança.

Não há dúvidas que essa etapa que atravessamos fez com que a convivência interpessoal fosse modificada e pudéssemos provar uma nova faceta da liderança, muitas vezes, à distância. Para alguns, o processo se tornou uma oportunidade de aprender e, para tantos outros, um caminho para valorizar os relacionamentos entre as equipes. Nesse circuito, acredito que ficou mais clara a compreensão de que a ponte que liga os funcionários à alta liderança é a interação. A presença – seja ela física ou digital – só faz sentido se for pautada no ato de apoiar e demonstrar às equipes que o ambiente de trabalho é, essencialmente, um local de cooperação.

Um estudo desenvolvido pela Gallup, empresa americana de pesquisa de opinião, aponta que os líderes são os responsáveis ¿¿por pelo menos 70% da variação de engajamento dos funcionários. Essa informação corrobora que essa trajetória se dá pelo pensamento orientado para as pessoas. O que o time deseja e leva como legado: o olhar e a presença próxima da liderança.

Contudo, alguns caminhos são essenciais para alcançar esse patamar de relacionamento, e a transparência é uma delas. É fundamental fazer um jogo limpo, no qual decisões são compartilhadas honrando a verdade, por meio da união e diálogo. A escuta e a empatia também são cruciais. Nada mais antiquado do que valorizar a “chefia” vinda de cima para baixo, imposta. É preciso dar e estar aberto a receber feedbacks. Afinal, um negócio só se constrói – e se mantém - com a visão e atuação de todos os seus integrantes, e é por meio dos feedbacks que se torna possível entender seus pontos de melhoria e evolução.

Acredito, ainda, que conhecer as pessoas e suas motivações contribui para o desenvolvimento real de habilidades, além de tornar o ambiente mais humano.

Há quase 20 anos na posição de gestor dentro do Sistema Unimed – trajetória que iniciei na Unimed Volta Redonda e culminou na posição que ocupo entre as cooperativas nacionais do Sistema Unimed - já me percebi várias vezes nessa função do cuidar, um sentimento que, como médico, estabeleci como essencial na minha vida. Certa vez, bastou perguntar para uma funcionária “está tudo bem?”, que descobri uma pessoa com desafios pessoais que precisava ser acolhida. É responsabilidade da liderança se fazer próximo e presente e ter um papel constante de identificar as sensibilidades e virtudes do seu time, dando oportunidades para que as pessoas assumam desafios para os quais estejam motivadas e capacitadas para fazer. Aliás, oferecer capacitação é um canal que beneficia toda a instituição e contribui para construções importantes de carreira, consequentemente aumentando a produtividade, o senso de pertencimento e a diminuição da rotatividade. Quem aprende, aplica e amplia.

Oferecer esse conhecimento constante possibilita até mesmo a criação de um ambiente mais motivador, levando o grupo a ter proatividade nas ações e interesse por aprendizados. Costumo dizer, que cada um tem o seu “saber”. Aquilo que faz parte de sua existência. Valorizar e estimular que os saberes sejam postos e expostos, é uma matemática, cujo resultado é sempre a multiplicação.

Na prática, isso contribui para a jornada de autodesenvolvimento de cada um – que apesar de pessoal, pode sim ter a liderança como mola propulsora.

Criar pontes e relacionamentos de confiança no ambiente de trabalho demanda foco e dedicação, essa é uma máxima que toda liderança deve compreender. Muito mais do que cuidar do operacional e fazer a máquina rodar, a liderança deve estar preparada para acolher e ter uma visão estratégica desse papel. Mesmo não sendo uma tarefa simples, é extremamente recompensador cuidar das pessoas e orientá-las para um caminho de confiança e desempenho. Quando uma empresa olha para isso com seriedade, respeitando a realidade coletiva, o efeito se multiplica e é refletido no sucesso do negócio como um todo. 

* Luiz Paulo Tostes Coimbra é presidente da Central Nacional Unimed