Cooperativismo Unimed

Cooperar significa somar esforço e trabalho para atingir um mesmo fim. A cooperação é uma prática ancestral da humanidade em prol de sua própria sobrevivência ou de uma comunidade, uma civilização, um país ou, ainda, de uma classe social ou profissional. Segundo antropólogos e historiadores, a formação de grupos que não teriam sobrevivido sem o sentido de cooperação visava proteger interesses econômicos e garantir a subsistência dos núcleos sociais.

Cooperativismo no mundo moderno

Foi no mundo moderno ocidental, porém, que o conceito de cooperativismo ganhou identidade. A versão contemporânea é resultado do movimento operário e de seus princípios ideológicos. Foi construída a partir da Revolução Industrial dos séculos 18 e 19, marcada por um grande progresso econômico e tecnológico.

A primeira experiência cooperativista desse período foi a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, criada na Inglaterra, em 1844, por 28 operários.

Os princípios que direcionaram a organização dos tecelões foram, aos poucos, sendo disseminados pelo planeta.

No Brasil, a fase pré-cooperativista ocorreu durante as Missões Jesuíticas, no Sul, e, mais tarde, nas associações de trabalhadores imigrantes nas indústrias paulista e carioca. O movimento adquiriu impulso real no país a partir de 1932, com a edição do Decreto Federal nº 22.239.

A medida estimulou o movimento cooperativista, que se desenvolveu mais ainda quando o governo de Getúlio Vargas (1930-1945) incentivou a formação de cooperativas agrícolas de trigo e soja.

Em 1971, foi promulgada a Lei 5.764 que, entre outras regras, exigia que todas as cooperativas se registrassem previamente no Conselho Nacional do Cooperativismo.

Apesar disso, a lei reconheceu a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) – criada em 1969 – como representante do movimento no país e definiu as relações entre os cooperados e a cooperativa, o chamado Ato Cooperativo. Com o fim da ditadura militar e a promulgação da nova Constituição, em 1988, o cooperativismo se livrou do controle estatal, iniciando a autogestão.

O Brasil conta, atualmente, com 13 ramos do cooperativismo: Consumo, Social, Trabalho, Educacional, Transporte, Agropecuário, Crédito, Habitacional, Produção, Infraestrutura, Mineral, Turismo e Lazer e Saúde, no qual a Unimed está inserida.

Sistema Unimed

Imagem colorida. Do lado esquerdo, foto antiga do primeiro prédio da Unimed Santos. Do lado direito, fachada moderna do mesmo prédio atualmente.

No final da década de 1960, a medicina assistencial no Brasil atravessava um momento de grande efervescência pela perplexidade que as transformações estruturais da Previdência Social traziam. Houve a unificação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) no Instituto Nacional de Assistência Médica de Previdência Social (INPS), que mais tarde viria a se transformar no Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), extinto em 1990 para dar lugar ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Além da queda no padrão de atendimento, as mudanças levaram ao surgimento de seguradoras de saúde, à mercantilização da medicina e à proletarização do profissional médico, que ficava impedido de exercer com liberdade e dignidade sua atividade liberal. Em resposta, surgiu a primeira cooperativa de trabalho na área de medicina do país e das Américas: a União dos Médicos – Unimed, fundada na cidade de Santos (SP), em 1967.

A nova experiência cooperativista nasce da iniciativa do ginecologista obstetra Edmundo Castilho e de um grupo de médicos que queria evitar a intermediação das empresas, respeitando a autonomia dos profissionais e o atendimento em consultório. Também desejavam oferecer a mesma qualidade de assistência aos diferentes níveis existentes nas empresas. O conceito era complementar o trabalho do INPS. Cubatão, Guarujá, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande e São Vicente estavam entre os outros municípios que constituíam base da ação da cooperativa, que depois passou a se chamar Unimed Santos.

O rápido sucesso da Unimed Santos estimulou o surgimento de diversas cooperativas médicas, inicialmente no interior de São Paulo, e, depois, em todo o país.

Edmundo Castilho e sua equipe organizaram uma agenda de visitas às cidades interessadas em constituir suas próprias unidades, realizaram palestras, forneceram orientações e mobilizaram profissionais e associações médicas em torno da iniciativa.

O potencial do cooperativismo médico ganhou força e fez com que outras Unimeds fossem criadas, em estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Brasília.

Na década de 1970, surgem as Federações Unimed - as chamadas cooperativas de segundo grau, formadas por no mínimo três Singulares, visando padronizar procedimentos operacionais e estimular a troca de experiências entre as cooperativas de um mesmo estado. Em 28 de novembro de 1975 foi criada a Confederação Nacional das Cooperativas Médicas - Unimed do Brasil, entidade máxima do Sistema Unimed, que congrega todas as federações e singulares.

Hoje, o Sistema Unimed está presente em 84% do território nacional, formado por cerca de 345 cooperativas médicas e mais de 116 mil médicos cooperados.