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O que é craving na alimentação?

O que é craving na alimentação?

Só vontade de comer doces ou algo mais sério? Entenda mais sobre craving

O que é craving na alimentação?

15 Dezembro 2021

Vontade incontrolável ou um desejo muito intenso por uma comida – geralmente, um doce ou algo rico em açúcar. Não importa se você acabou de comer e está satisfeito, a vontade vem de repente e a urgência de satisfazê-la é muito grande para ser ignorada.

Este é o craving. A expressão é da língua inglesa, quer dizer “fissura ou desejo intenso” e vem sendo cada vez mais usada por nutricionistas para definir a necessidade ou até mesmo o vício em consumir certos alimentos açucarados.

O termo já é usado há anos pelas áreas que tratam dependentes químicos para explicar a busca pelas sensações proporcionadas pelas drogas. Mas então por que associá-lo à alimentação? O craving é uma doença? Um distúrbio alimentar? Como saber a diferença entre craving e vontade de comer?

 

Calma! Vamos te ajudar a entender tudo sobre isso nos próximos tópicos:

A diferença entre craving, a vontade de comer e a fome

O que desencadeia o craving?

Craving x compulsão alimentar

Quando procurar ajuda

 

A diferença entre craving, vontade de comer e fome

Para entender melhor como o craving funciona, primeiro precisamos compreender que sentir prazer através da alimentação e gostar de comer não é o problema. O entendimento e a aceitação de nossos hábitos alimentares também faz parte de uma vida saudável e equilibrada.

O craving se diferencia de gostar de comer e de sentir prazer em comer porque se trata de um mecanismo de superestimulação: a procura pelo alimento é repetitiva, incontrolável e busca, mesmo que inconscientemente, a liberação de serotonina e endorfina, que causa sensação de relaxamento e bem-estar.

É por isso que o craving é um transtorno mais associado aos alimentos doces. Em indivíduos predispostos, os açúcares são responsáveis por uma alta liberação de dopamina, um dos hormônios da felicidade, que atua diretamente no nosso ciclo de recompensa, estimulando o cérebro a completar tarefas – que depois são recompensadas com a sensação de prazer.

Foi assim que a nutrição pegou emprestado o termo craving para se referir a esse ciclo. Tal qual no caso de uso de drogas, o craving na alimentação também se trata de uma série de reações químicas no cérebro que indicam um desequilíbrio voltado para mecanismos de dependência.

Já a vontade de comer se diferencia do craving por não se restringir somente a sabores doces – responsáveis pela maior sensação de prazer – e por não ser resultado das mesmas reações químicas hormonais. A principal causa da vontade de comer é a associação a uma lembrança ou emoção de forma isolada. É, muitas vezes, um impulso que pode ser controlado, e saciá-la pode esperar até um momento mais apropriado.

A fome, por outro lado, é uma reação química completamente diferente.

Quando o estômago e o intestino estão vazios, células presentes nesses órgãos produzem a grelina, um hormônio que gera a sensação de fome. Enquanto isso, caem os níveis de leptina, outro hormônio, produzido pelas células de gordura e responsável por controlar o apetite.

A grelina se comunica com o hipotálamo, e isso gera uma reação em cadeia: o nervo vago envia sinais para o cérebro para confirmar se o estômago está vazio e neurotransmissores são liberados para várias áreas diferentes do Sistema Nervoso Central, começando a estimular o apetite e a avisar que é hora de comer.

A fome fisiológica é uma reação natural do corpo e, uma vez saciada, pode ter como resposta, tanto psicológica quanto química, a sensação de prazer. Fisicamente, ela é a responsável por nutrir o corpo. No craving, não há essa comunicação entre os órgãos nem uma produção de hormônios que avisa o corpo que ele precisa ser alimentado; a busca é somente pela sensação de prazer.

 

O que desencadeia o craving?

O craving pode nascer de fatores psicológicos e emocionais, como o estresse e a ansiedade, ou hormonais, que podem influenciar diretamente no consumo excessivo de doces.

Mulheres, pessoas sedentárias, obesas e indivíduos com estresse crônico estão mais propensos a desenvolver o craving.

Alimentação muito monótona, sem variedade ou rica em açúcares, dietas muito restritivas sem acompanhamento nutricional, o hábito de pular refeições ou de passar longos períodos em jejum também pode desencadear o craving ou comportamentos de compulsão. Isso porque a restrição alimentar priva o corpo de nutrientes, criando um desequilíbrio, muitas vezes associado à rápida perda de peso, e estimulando a ansiedade.

Aqui também entra um alerta para o ambiente alimentar: estamos sempre expostos a alimentos com alto teor de açúcar em supermercados, padarias, restaurantes, shoppings e até em drogarias. A combinação de dietas muito restritivas com um ambiente alimentar muito estimulante pode influenciar diretamente o craving.

Além de ser importante não abrir mão do acompanhamento de um médico ou nutricionista quando se opta por mudar os hábitos alimentares, é preciso ter em mente que a alimentação pode e deve ser prazerosa e que existem mais mecanismos além da dieta que contribuem para a reeducação alimentar.

 

Craving x compulsão alimentar

 O craving tem consequências que podem ser constantes e variam desde mudanças comportamentais e emocionais até alterações hormonais e deficiência de vitaminas e nutrientes.

A compulsão alimentar é diferente, vem em episódios. Isto é, a pessoa não fica o tempo inteiro comendo sem parar, mas tem esses momentos desencadeados por algum gatilho pessoal.

Os sintomas podem envolver o sentimento da falta de controle em relação à comida, comer muito mais rápido que o normal até se sentir desconfortável, ou em grandes quantidades, mesmo quando sem fome. Após o episódio, enjoos, tristeza e culpa são comuns.

Pessoas com ansiedade e depressão que buscam pelo prazer imediato para aplacar as próprias emoções, estão mais propensas a desenvolver a compulsão alimentar. Fisiologicamente, o cérebro das pessoas com o distúrbio interpreta de forma incorreta a sensação de fome e saciedade, fazendo com que esses episódios sejam possíveis.

O tratamento deve ser multidisciplinar, com ajuda de nutricionista, psicólogo, psiquiatra e endocrinologista.

O craving pode evoluir para uma compulsão alimentar quando a necessidade por doces se estende para qualquer outro tipo de comida. Por isso é preciso prestar atenção aos sintomas e procurar ajuda de um profissional assim que começar a notá-los.

 

Quando procurar ajuda

De forma individual, é normal que alguns comportamentos alimentares tenham sido influenciados de forma negativa pelo isolamento social da pandemia, principalmente em pessoas predispostas.

A mudança de hábitos – tanto os alimentares, quanto os de rotina como os cuidados com a casa até as frequentes reuniões do trabalho – somada à constante sensação de medo e insegurança também afetam a bioquímica do nosso organismo. O aumento do estresse e da ansiedade refletem também de forma física, não apenas psicológica e/ou mental.

Durante esse período, sua forma de se alimentar mudou? Você passou a incluir muitos doces e/ou comidas ultra processadas no seu dia a dia? O ato de se alimentar vem acompanhado de angústia e ansiedade? Chegou a hora de procurar ajuda.

O tratamento para o craving também deve ser feito de forma multidisciplinar: nutricionistas e psicólogos podem te ajudar nesse momento para que o transtorno não evolua para algo mais grave.

 

Fontes: Asbran, Pebmed e Manual MSD


Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil

Revisão técnica: equipe médica da Unimed do Brasil


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