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O que observar nas fezes das crianças

O que observar nas fezes das crianças

Saiba identificar quando alterações na cor, formato e consistência sinalizam algum problema de saúde

O que observar nas fezes das crianças

24 Novembro 2021

Falar sobre tipos de cocô pode gerar um certo “nojinho” para uns ou vergonha para outros. Tem até quem ache graça! Mas o tema é sério e não pode ser tabu, especialmente para pais, mães e pessoas responsáveis por crianças que ainda precisam de auxílio quando o assunto é fraldas ou idas ao banheiro.

Os tipos de fezes – frequência, formato, cor e consistência – são um importante indicador de saúde e variam conforme a idade, a alimentação e com a ausência ou presença de problemas gástricos.

Vamos falar sobre isso, então? Neste texto, você vai encontrar:

 

Os tipos de cocô conforme a fase da criança

Mudança na cor das fezes: quando se preocupar?

Escala de Bristol: o que o formato do cocô significa?

 

Os tipos de cocô conforme a fase da criança

Quando o bebê nasce, seu sistema digestivo ainda não está completamente amadurecido. Aliás, esse é um dos motivos pelos quais o aleitamento materno exclusivo é o mais indicado para os primeiros seis meses de vida, pois, além de ser de fácil digestão, promove um melhor desenvolvimento e protege contra doenças.

Assim, a formação da maturidade gastrointestinal dos pequenos reflete na fralda. Vamos ver como acontece essa “evolução do cocô”?

 

Mecônio: o primeiro cocô

Mecônico - o primeiro coco

Verde-escuro, quase preto, é espesso, viscoso e sem cheiro. Este é o mecônio, o primeiro cocô do bebê. Ele é formado ainda na gestação, a partir de restos celulares, bile, muco e outras secreções.

O mecônio costuma ser eliminado nas primeiras 24 a 36 horas após o nascimento, com o estímulo da amamentação. Conforme o bebê começa a ingerir e digerir o leite materno, a cor verde vai ficando mais clara, até chegar a um amarelo dourado/amarronzado, se transformando no típico cocô de neném.

 

O cocô do bebê até os seis meses de vida

O cocô do bebê em aleitamento materno exclusivo tem a cor amarelo-ouro ou amarronzada, podendo conter alguns grumos de leite. A consistência é mole e aquosa e o cheiro é bem discreto e adocicado.

A frequência costuma ser alta. Haja fralda! É comum que os bebês evacuem a cada mamada, ou de 6 a 7 vezes por dia.

Quando a alimentação é feita com fórmula, as fezes podem ser um pouco mais firmes, com um pouquinho mais de cheiro e em frequência um pouco menor, pois, com as fórmulas, não há a digestão completa do leite.

 

O cocô do bebê dos seis meses aos dois anos de vida

Foto de mãe e filho

A introdução alimentar, com a ingestão de outros alimentos além do leite materno ou fórmula, provoca uma mudança perceptível nas fezes dos bebês.

A cor do cocô passa a ser mais escura, próxima do marrom, podendo variar conforme a alimentação. Quem nunca tomou um susto ao ver o cocô da criança vermelho depois de dar beterraba?

A consistência fica mais pastosa – nem dura nem líquida. É comum encontrar pedacinhos de alimentos, já que elas ainda não mastigam completamente.

O cheiro fica mais forte, bem próximo do cheiro das fezes de adulto. Por outro lado, a frequência tende a diminuir, podendo haver episódios de constipação (intestino preso).

 

Atenção: se a criança apresentar fezes muito secas, ou muito desconforto na evacuação, é importante conversar com o pediatra para avaliar a necessidade de mudanças na alimentação.

 

O cocô depois do desfralde

fezes no desfralde

A criança cresceu – e o cocô dela amadureceu. Está praticamente igual ao dos adultos.

A cor é marrom, podendo variar conforme a alimentação e eventuais medicamentos. O cocô assume o formato cilíndrico, idealmente numa consistência pastosa. O cheiro já é igual ao das fezes de adultos.

A frequência é bem menor e pode variar muito de criança para criança – assim como varia entre os adultos.

Logo adiante falaremos sobre os sete tipos de fezes em relação ao formato. Mas, antes, vamos entender quando as variações de cor do cocô podem ser sinais de alerta.

 

 

Mudança na cor das fezes: quando se preocupar?

Algumas alterações na cor das fezes podem ser causadas pela alimentação ou medicamentos. Mas outras, podem ser sinais de que algo não vai bem no organismo.

 

Fezes verdes: o que pode ser?

Nos primeiros dias de vida é normal que o cocô do bebê seja mais verde. Pode ficar esverdeado quando ele suga só o primeiro leite da mama, que é mais magro. Conforme segue mamando no mesmo seio, o leite mais gordinho e nutritivo começa a descer e o cocô tende a voltar a ficar mais amarelo.

Depois dos seis meses, a cor verde pode ser por causa de alimentos verde-escuros, da suplementação de ferro ou medicamentos.

Se a cor for um verde mais claro, pode significar que o intestino está funcionando muito rápido – sem tempo para a digestão adequada. Se persistir, é importante avisar ao pediatra.

 

Fezes vermelhas: será que é sangue?

Algumas situações podem deixar o cocô do bebê vermelho. Um exemplo é a ingestão de alimentos como beterraba ou com corantes. Quando é um vermelho mais vivo, indicando sangue, pode significar hemorroidas ou que o cocô está muito seco, machucando o ânus na saída.

A cor vermelha ou a presença de muco nas fezes da criança também pode sinalizar alergias alimentares. Vale conversar com o pediatra para avaliar a necessidade de mudança na dieta.

 

O cocô está preto?

Bebês que tomam complementos de ferro costumam apresentar as fezes mais escuras, próximas do preto. Porém, se o cocô estiver realmente preto, tipo carvão, pode ser sinal de que há um sangramento anterior à saída das fezes, no sistema gastrointestinal. Nesse caso, é importante buscar orientação médica imediatamente.

 

O cocô do bebê está branco?

Fezes esbranquiçadas pode ser sinal de doenças do fígado ou vias biliares, podendo ser bem sérias. Aqui também é preciso buscar orientação médica com urgência.

 

Escala de Bristol: o que o formato do cocô significa?

Você já percebeu que nem todos os cocôs são iguais, certo? Eles variam conforme nossa alimentação e estado de saúde geral. E isso também vale para as crianças! Por esse motivo, mesmo depois do desfralde, é importante sempre dar aquela espiadinha no vaso sanitário para analisar as possíveis variações das fezes antes de dar a descarga.

Também é bom conversar com a criança sobre as características do cocô para que, futuramente (quando não chamar mais um adulto para limpar), ela saiba identificar e avisar sobre as alterações.

Por falar em características e variações, você sabia que existe uma escala de tipos de cocô? É a chamada Escala de Bristol para Consistência de Fezes (EBCF). Ela foi desenvolvida na cidade de Bristol, Inglaterra, e facilita a classificação visual das fezes em sete tipos. Vamos conhecer?

 

Os tipos de cocô segundo a escala de Bristol:

Escala de Bristol

Tipo 1: Bolinhas duras, difíceis de passar. É o famoso cocô de cabrito, que normalmente sinaliza uma alimentação pobre em fibras e a falta de água no organismo.

Tipo 2: Fezes moldadas, mas embolotadas. O formato lembra um cacho de uvas, com as bolinhas aglomeradas. É a evolução do tipo 1 de cocô, mas ainda seco e difícil de sair, sendo também um pedido do corpo por mais água e fibras.

Tipo 3: Fezes moldadas, com rachaduras na superfície. Está perto do ideal, mas ainda é um pouco seca e boia na água. Pode ser "aperfeiçoada" com maior ingestão de água e fibras e reduzindo o consumo de alimentos gordurosos.

Tipo 4: Fezes moldadas, lisas e macias. É o tipo de cocô ideal, sinal de que está tudo certo no intestino. Comprido, no estilo linguiça, sai com tranquilidade devido a sua consistência macia e afunda na água.

Tipo 5: Pedaços macios com bordas definidas e fáceis de passar. Mais pastoso que o tipo de cocô anterior, sai com facilidade, mas em pedaços separados que boiam na água. Comum em quem evacua mais de três vezes por dia. Normalmente, é sinal de que passou muito rápido pelo intestino e o corpo não teve tempo de absorver todos os nutrientes da alimentação podendo causar carência nutricional. Alimentos probióticos, como iogurte natural e leite fermentado podem ajudar a melhorar esse aspecto. De qualquer forma, se esse formato for muito frequente, é importante conversar com o médico que acompanha a criança para uma avaliação.

Tipo 6: Fezes pastosas, amolecidas. Um estágio anterior à diarreia, esse tipo de cocô pode estar ligado à hiperatividade do cólon, estresse ou excesso de potássio na dieta. Outras causas comuns são o uso de bebidas energéticas ou alcoólicas e de laxantes. É importante beber bastante água e aumentar o consumo de alimentos probióticos.

Tipo 7: Fezes completamente líquidas. Aqui estamos falando da diarreia, normalmente acompanhada de fortes dores de barriga. Fezes do tipo 7 podem ser provocadas por infecção intestinal ou alergia alimentar, viroses, entre outras doenças. Se persistir por mais de um dia e vier acompanhada de outros sintomas, como febre ou vômito, é importante buscar avaliação médica. Caso ocorra, beba bastante água para evitar a desidratação.

 

Embora o tipo 4 seja considerado o ideal, as fezes podem se apresentar, eventualmente, nos formatos 3 e 5 – isso é normal e tende a “melhorar” com as mudanças alimentares citadas. A persistência dos tipos 1, 2, 6 e 7, mesmo após a adequação da alimentação, deve passar por uma avaliação médica, ok?

 

Agora que você já aprendeu sobre os tipos de cocô – de criança e de adulto – que tal entender mais sobre alimentos probióticos, prebióticos e simbióticos? Leia a matéria completa aqui.

 

Fontes: UNICEF, SBPMD.Saúde, INCA


Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil

Revisão técnica: equipe médica da Unimed do Brasil


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