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Famílias têm papel fundamental na recuperação de dependentes de drogas

Famílias têm papel fundamental na recuperação de dependentes de drogas

Grupos de apoio oferecem suporte para enfrentar o tratamento

Famílias têm papel fundamental na recuperação de dependentes de drogas

26 Maio 2012

Até o final de maio o Ministério da Saúde deve habilitar 22 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em oito estados brasileiros. Bahia, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo receberão mais de R$ 9,9 milhões por ano para investir no funcionamento de CAPS voltados ao atendimento de crianças e adolescentes, tratamento de dependentes de álcool e drogas e acolhimento de seus familiares.

O aumento do número de CAPS faz parte das ações do programa Crack, é possível vencer, lançado em dezembro pelo governo federal. Os locais contam com profissionais da saúde que prestam tratamento continuado a dependentes de álcool e drogas, além de oferecer atendimento aos familiares. O Brasil conta com 1.742 unidades.

Para a psicóloga Dallas Athaide Oliveira, que trabalha há três anos no CAPS Álcool Drogas (CAPS AD), em Santo Ângelo, na região das Missões, no Rio Grande do Sul, a ampliação do serviço beneficia não somente os pacientes em recuperação, mas também suas famílias. “O aumento representa mais suporte a todos que enfrentam a dependência. As famílias contarão com mais espaços disponíveis e profissionais qualificados para que, juntos, possam investir no tratamento”.

Para a psicóloga especialista em terapia familiar, a família tem um papel fundamental na recuperação do dependente.

“Muitas vezes, o sujeito não está em condições de perceber a própria doença e cabe à família identificar o que está errado e procurar ajuda”, esclarece Dallas.

A psicóloga acrescenta que não é fácil cumprir esse papel. Primeiro, porque não há um perfil específico para os dependentes de drogas, o que dificulta identificar um provável usuário. Segundo, os sintomas variam muito e podem ser confundidos com outras doenças. Normalmente, usuários costumam refletir o consumo em mudanças físicas e comportamentais, como diminuição do apetite, perda de peso, descuido ou abandono da higiene pessoal, queimaduras nos dedos e boca (no caso do crack), alucinações, distúrbios do sono e paranóicos.

“Além disso, é natural que durante o processo de recuperação a família vivencie momentos de muita angústia, que podem levar a depressão e a um alto grau de codependência”, diz Dallas.

A psicóloga recomenda: “o indicado é que os familiares busquem auxílio junto a profissionais habilitados que, por meio dos grupos de apoio, passarão orientações para melhor enfrentar o caminho da recuperação”.

Conforme Dallas, os grupos atuam por meio do acolhimento: os envolvidos relatam suas vivências, trocam experiências com outros familiares e fazem reflexões sobre a dependência. “A interação com pessoas que enfrentam a mesma situação fortalece para lidar com a realidade”, afirma.

A psicóloga considera que, quando a família frequenta os grupos de apoio, ela se torna disponível para perceber a dependência como uma doença, aceitá-la e investir no tratamento. “Cada caso é singular, por isso a importância de cada família se conhecer, reconhecer o que é necessário mudar e reavaliar o seu funcionamento. A dupla ‘afeto+limite’ continua sendo a base para a estrutura de famílias saudáveis.”


Além dos CAPS AD, os familiares podem buscar ajuda em outras redes de apoio. Grupos de autoajuda e ligados a igrejas também oferecem o serviço.

Grupos de apoio

CAPS
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário. Foram criados para substituir os hospitais psiquiátricos no Brasil. Os profissionais da saúde oferecem acompanhamento clínico e atuam para possibilitar a reinserção social de usuários por meio do trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários 


Amor Exigente
Há 26 anos o grupo de autoajuda apoia e orienta dependentes químicos e seus familiares. O movimento conta com 10 mil voluntários que realizam cerca de 100 mil atendimentos mensais por meio de reuniões, cursos e palestras. São 536 grupos no país, 9 no Uruguai, 2 na Argentina e 1 no Peru, além de 350 grupos em fase experimental e 249 subgrupos de Jovens em Sobriedade

Narcóticos Anônimos
Sociedade sem fins lucrativos ativa em mais de 130 países, é voltada ao atendimento do dependente. A orientação é feita por meio de palestras gratuitas, suporte e telefonemas. O grupo atua em hospitais e instituições, como escolas, clínicas, faculdades e empresas.

Nar-Anon
Grupo mundial, com representação no Brasil, voltado a pais, parentes e amigos de dependentes químicos. Atua como uma irmandade e prega a ajuda mútua. Baseia-se em 12 passos e tradições, que assumem a dependência como doença, e não como uma questão moral. 


Pastoral da Sobriedade
Iniciativa da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para prevenir e tratar a dependência química. Há grupos de oração e palestras que propõem evitar o vício e dar suporte aos usuários e seus familiares.

GAM da Igreja Batista
O Grupo de Apoio Mútuo da Igreja Batista Central (GAM) reúne profissionais, cooperadores e voluntários que formam uma rede de aconselhamento. O objetivo é contribuir com o processo de recuperação e reintegração do dependente químico e codependente. Propõe o fortalecimento dos laços familiares para tratar a dependência.


Francine Athaide Cadore

Fonte: Ministério da Saúde

Conteúdo aprovado pelo responsável técnico-científico do Portal Unimed.


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